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Plantio lento de milho no Brasil pode impactar estoques globais e favorecer EUA

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Plantio lento de milho no Brasil pode impactar estoques globais e favorecer EUA

Desafios no plantio e risco para a safra

Com a oferta global de milho atingindo os níveis mais baixos da última década, a produção brasileira não pode se dar ao luxo de enfrentar dificuldades nesta temporada. Os estoques nacionais estão particularmente apertados para a safra 2024-25, e o plantio da segunda safra de milho, responsável por quase 80% da produção do país, apresenta um ritmo mais lento do que o usual.

A expectativa era de um crescimento modesto na produção deste ano em relação a 2023, mas qualquer revés pode abrir espaço para os Estados Unidos no mercado internacional. O Mato Grosso, segundo maior produtor de milho do Brasil, havia plantado apenas 1% da safra até a última sexta-feira, o índice mais baixo desde 2011 e semelhante ao de 2021. Ambos os anos, assim como 2016, coincidiram com algumas das piores produtividades do estado.

O atraso decorre principalmente das chuvas irregulares, que retardaram a colheita da soja e, consequentemente, o plantio do milho. Esse cenário desloca o período de desenvolvimento da cultura para uma janela climática menos favorável, aumentando o risco de perdas. Historicamente, os agricultores do Mato Grosso plantam cerca de 11% da safra nesta semana, e para manter um ritmo estável, espera-se que ao menos 12% do plantio esteja concluído até sexta-feira.

No Paraná, segundo maior produtor de milho do Brasil, 9% da segunda safra já foi plantada, um índice considerado dentro da normalidade. No entanto, a semeadura tardia pode aumentar o risco de geadas no fim do ciclo, como ocorreu há quatro anos. O impacto de condições adversas é significativo: na safra 2020-21, o rendimento do milho no Paraná caiu 50% em relação à tendência de longo prazo, enquanto no Mato Grosso, em 2015-16, a quebra foi de cerca de um terço.

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Influência climática e estoques apertados

O fenômeno La Niña, que tem causado secas severas na Argentina, impacta de forma semelhante o estado do Rio Grande do Sul, embora essa região não cultive milho de segunda safra. Apesar de os efeitos do La Niña e do El Niño não serem tão determinantes para as colheitas brasileiras quanto para as argentinas, os melhores desempenhos do Brasil historicamente não coincidem com os episódios mais intensos do fenômeno.

Em meados de 2024, o Brasil colheu sua segunda maior safra de milho, ainda assim cerca de 12% inferior ao recorde do ano anterior. As exportações brasileiras caíram aproximadamente 29% desde julho, e as vendas para a China, que representaram 29% dos embarques em 2023, tiveram uma redução de mais de 90% entre julho e janeiro.

Apesar da queda nas exportações, o consumo interno tem se mantido elevado, restringindo os estoques. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima que os estoques brasileiros para uso em 2024-25 fiquem em 2,1%, o menor nível em 42 anos e abaixo dos 7,1% registrados no ciclo anterior. Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresenta uma perspectiva um pouco diferente, apontando estoques de 2,8%, um leve aumento em relação ao ano anterior, mas ainda bem abaixo dos 15% observados em 2020-21.

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Para efeito de comparação, o USDA prevê estoques de milho dos EUA em 10,2% para 2024-25, sendo que o menor índice registrado neste século foi de 7,4% em 2012-13. Diante desse cenário, a safra brasileira possui pouca margem para erros, e qualquer déficit na produção pode resultar na perda de participação no mercado internacional. Isso pode beneficiar os exportadores norte-americanos, que recentemente têm registrado vendas acima da média.

Possível reconfiguração do mercado

Atualmente, Brasil e Estados Unidos respondem por cerca de 57% das exportações globais de milho. Ambos os países vêm registrando queda nas vendas para a China, que pode retomar as compras a qualquer momento. Se isso ocorrer, a oferta restrita do Brasil pode levar clientes habituais do milho brasileiro a buscar alternativas nos EUA, especialmente no segundo semestre de 2024, caso a safra norte-americana se recupere conforme o esperado.

Dessa forma, o plantio tardio e os estoques reduzidos colocam o Brasil em uma posição vulnerável, com reflexos diretos no comércio global do cereal.

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O Potencial do Combustível do Futuro para Impulsionar a Produção de Cana-de-Açúcar no Brasil

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Tecnologias avançadas devem otimizar a produtividade no setor sucroenergético frente ao aumento da demanda de etanol

A recente Lei do Combustível do Futuro, sancionada pelo Governo Federal, representa um marco significativo para a indústria de energias renováveis no Brasil, particularmente para o setor sucroenergético. Com a previsão de atrair até R$200 bilhões em investimentos, a nova legislação visa impulsionar a transição para fontes de energia mais limpas, estipulando uma margem de mistura de etanol à gasolina que poderá variar de 22% a 35%. Atualmente, a mistura pode atingir até 27,5%, com no mínimo 18% de etanol.

Essa legislação traz à tona a necessidade de aumentar a produção de cana-de-açúcar, principal matéria-prima para o etanol, e reforça o caráter estratégico da cultura para o futuro energético do país. Para atender à crescente demanda, é essencial adotar tecnologias que melhorem a produtividade, reduzam os custos e garantam a sustentabilidade da produção agrícola.

Tecnologia no planejamento agrícola: o caminho para maior eficiência

De acordo com Fabio Perna, Diretor Comercial e de Serviços da divisão de Autonomy & Positioning da Hexagon, o uso de tecnologias avançadas desempenha papel crucial no aumento da produtividade do setor sucroenergético, sem a necessidade de expandir significativamente as áreas cultivadas. Uma das principais inovações são as ferramentas de planejamento agrícola, que integram dados georreferenciados e análises preditivas para organizar as operações de forma eficiente. Tais soluções permitem identificar as áreas de maior potencial produtivo, além de otimizar o uso de recursos como água, fertilizantes e combustível, reduzindo desperdícios e maximizando a utilização do solo.

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Além disso, essas tecnologias são essenciais para determinar o melhor momento para a colheita. Perna explica que a cana-de-açúcar, sendo uma planta cíclica que reage ao clima, tende a aumentar sua concentração de açúcar durante períodos secos, sendo esse o momento ideal para a colheita. Com o auxílio de sistemas de planejamento, é possível ajustar o processo de colheita conforme a necessidade de cada empresa, considerando a produção estimada, a maturação das plantas, e até mesmo a previsão meteorológica.

Monitoramento em tempo real e otimização logística para reduzir custos

O uso de dispositivos embarcados em máquinas agrícolas permite um controle preciso das operações no campo, assegurando que atividades como plantio, pulverização e colheita sejam executadas com máxima eficiência. Esses sistemas, que utilizam sensores e dados georreferenciados, identificam as áreas que necessitam de ajustes e garantem a aplicação uniforme de insumos, aumentando a produtividade e reduzindo custos operacionais.

Outro benefício importante das tecnologias de monitoramento é a rastreabilidade de todas as etapas da produção de cana-de-açúcar, o que traz transparência ao processo e permite aos tomadores de decisão o acesso a informações detalhadas desde o preparo do solo até a colheita.

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O setor também enfrenta desafios logísticos, especialmente no que diz respeito ao transporte da cana das lavouras para as usinas. Nesse sentido, sistemas de gestão dinâmica ajudam a otimizar o fluxo de transporte, ajustando rotas e alocando recursos em tempo real. Isso garante que a cana seja transportada de maneira eficiente, preservando a qualidade do produto e reduzindo custos com combustível e mão de obra.

Agricultura de precisão: o futuro da produção sustentável

A agricultura de precisão surge como uma solução para aumentar a produtividade e a eficiência no campo. Tecnologias como piloto automático e controle automatizado de fertilização ajudam a reduzir desperdícios e melhorar a qualidade das colheitas. No entanto, Fenômenos ionosféricos, como a cintilação provocada pelo ciclo de alta atividade solar, podem impactar a precisão do posicionamento das máquinas agrícolas, comprometendo a eficiência das operações.

Para mitigar esses efeitos, soluções de correção de sinal, como o TerraStar, desenvolvido pela NovAtel, uma marca da Hexagon, garantem uma precisão de até 2,5 centímetros, essencial para as operações agrícolas de alta precisão. Combinando robustez e precisão, essas soluções são fundamentais para sustentar os resultados consistentes que os produtores esperam alcançar.

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