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Estados atingidos pelo tarifaço temem impacto social da guerra comercial

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Apesar de alívio com exceções, UFs que têm nos EUA seus principais parceiros comerciais ainda esperam impacto a alguns de seus exportadores e buscam novos mercado

POR;João Nakamura

Um vendedor de peixes e frutas são colocados em primeiro plano à frente do desenho dos Estados Unidos
Pescados e frutas são setores que dependem do comércio com os EUA, mas não foram poupados do tarifaço  • Ilustração feita por inteligência artificial

É o caso do Espírito Santo, por exemplo, que direcionou 27,5% de suas vendas internacionais aos norte-americanos em 2024.

Apesar de segmentos importantes de sua pauta exportadora – como siderurgia, minério, pellets, celulose e quartzo – terem sido poupados da alíquota de 50%, “há um conjunto de outros produtos que não conseguimos ver incluídos ainda na lista de exceções”, segundo o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), que coordena a resposta do estado ao tarifaço.

“Nós estamos um pouco mais aliviados, porque a nossa exportação para os Estados Unidos é da ordem de US$ 3 bilhões por ano, e dois terços já foram resolvidos. […] Nós temos agora, residualmente, alguns outros importantes produtos que continuam nos preocupando muito, mas continuamos conversando, inclusive, com as entidades que representam os clientes dos Estados Unidos”, afirmou Ferraço à CNN.


Alguns dos estados brasileiros mais afetados pelo tarifaço – por terem nos Estados Unidos seu principal parceiro de negócios – avaliam que a guerra comercial de Donald Trump pode refletir-se num problema social a suas populações.

“Alguns arranjos econômicos muito importantes para o Espírito Santo [nos preocupam] sobretudo pelo impacto social, porque são liderados pela propriedade de braço familiar.”

Dentre os setores menores que dependem do comércio com os EUA, o vice-governador do ES lista os produtores de pimenta do reino, gengibre, pescados – dos quais, segundo ele, 100% do que é exportado pelos capixabas vai para os Estados Unidos – e frutas, em específico mamão papaya.

Redirecionamento dos produtos

Com 34,7% de suas exportações destinadas aos EUA em 2024, a Paraíba defende que é “preciso procurar novos parceiros e incentivar o consumo interno”, como afirmou à CNN o secretário da Receita estadual, Marialvo Laureano.

A autoridade paraibana destaca que, nos primeiros seis meses do ano, a Paraíba exportou para os EUA aproximadamente US$ 10 milhões, sendo os principais produtos vendidos suco de abacaxi, água de coco, açúcar, calçados, granito, ardósia e pescados – itens estes que não se salvaram do tarifaço.

Enquanto isso, no governo baiano, “a decisão unilateral, sem fundamentação e de curto prazo” de Trump é vista como um fator que traz “maior grau de risco” à relação com os EUA.

“A Bahia mantém os Estados Unidos como parceiro estratégico, mas […], em economia, busca-se equilíbrio, estabilidade, e essa postura do governo americano vai em sentido oposto. Por isso, atuamos em três frentes: negociações diplomáticas via governo federal, busca por mercados alternativos e ampliação da competitividade das empresas baianas”, escreveu o governo estadual à CNN.

No ES, a procura por novos parceiros é vista como uma medida para o médio prazo. De imediato, buscam-se “soluções emergenciais subsidiadas pelo nosso Tesouro para que as pessoas não tenham dificuldade de sobrevivência”, ressaltou o vice-governador Ferraço à reportagem.

“Eu não tenho consumo no Brasil para a quantidade de gengibre que a gente produz aqui. Nós somos, neste momento, muito dependentes do mercado norte-americano. A gente está buscando caminhos e alternativas de mercado, mas isso não acontece do dia para a noite. Enquanto isso, nós estamos colocando medidas emergenciais: crédito em condições compatíveis, com subsídio, com carência, para socorrer sobretudo de 3,5 mil a 4 mil famílias que são produtoras em determinados territórios do Espírito Santo que produzem o gengibre”, exemplificou.

“Estamos olhando o dia do amanhã e a semana seguinte, para que esses produtores e empreendedores, sejam eles empresários urbanos ou produtores rurais, não tenham sua subsistência descontinuada”, pontuou.

Na semana anterior, o governo do Espírito Santo lançou o Novo Plano de Crédito Rural 2025/26, de R$ 10 bilhões, em paralelo à assinatura de um projeto de lei que autoriza o uso de crédito outorgado de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no meio rural.

“O problema social que houver, graças a Deus, nosso estado está organizado e estruturado, com capital para poder fazer esse investimento. Nós estamos atuando para mitigar os problemas sociais que poderão existir com base nesse tarifaço porque a gente não sabe se outras exceções existirão”, afirmou Ferraço.

Na ocasião, o governador Renato Casagrande (PSB) afirmou que o Executivo estadual determinou diretrizes para que a linha de crédito seja priorizada para setores que possam ser impactados pelo tarifaço dos Estados Unidos.

Poucos dias depois, foi a vez do Ceará aprovar seu próprio conjunto de medidas de socorro.

Auxílio financeiro para os exportadores afetados, antecipação de saldo de crédito de ICMS, aumento de incentivos fiscais e a compra de alimentos pelo governo cearense foram as ações escolhidas pelo Executivo estadual para mitigar os impactos da tarifa de 50% imposta por Donald Trump.

O estado nordestino é o que mais depende da relação com os EUA, tendo direcionado 45% de suas exportações aos norte-americanos no ano de 2024.

Em paralelo às medidas, o governador Elmano de Freitas (PT) se reuniu, no meio da semana, com o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, para discutir parcerias econômicas.

Enquanto isso, estados e setores afetados aguardam um plano de contingência nacional, o qual o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), sinalizou que deve ser apresentado entre esta segunda-feira (11) e terça-feira (12).

Liderando a resposta do Executivo federal ao tarifaço, Alckmin cancelou agendas que teria na capital paulista nesta segunda, e retorna à Brasília “para um compromisso inadiável”.

Após reunião com o vice-presidente na quinta-feira (7), Elmano de Freitas afirmou que o plano deve contemplar também os exportadores do Ceará atingidos pelo tarifaço dos EUA.

FONTE;CNN

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Chefe da União Europeia tem GPS de avião bloqueado e Rússia é suspeita

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Líder do bloco pousou em segurança ma Bulgária; pilotos tiveram que usar mapas de papel para achar lugar da aterrissagem

Ivana Kottasová, da CNN
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem GPS de avião bloqueado
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem GPS de avião bloqueado  • Reprodução/Reuters

Um avião que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi alvo de interferência no sistema de navegação GPS, enquanto tentava pousar na Bulgária no domingo (31), informou um porta-voz da comissão à CNN.

A comitiva recebeu “informações das autoridades búlgaras de que suspeitam que essa interferência flagrante tenha sido realizada pela Rússia”, disse o porta-voz.

O avião pousou em segurança, disse o porta-voz. Uma fonte familiarizada com a situação disse à CNN que os pilotos pousaram o avião usando mapas de papel.

Von der Leyen e a comissão têm sido firmes apoiadores da Ucrânia enquanto Kiev tenta se defender da agressão não provocada da Rússia. Ela foi uma das líderes europeias que participaram da cúpula do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a Ucrânia na semana passada e tem instado consistentemente os Estados-membros da UE a alocarem mais recursos para ajudar a Ucrânia.

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O incidente ocorreu enquanto ela visitava os Estados-membros na parte oriental do bloco para angariar apoio à Ucrânia. “Este incidente ressalta a urgência da atual viagem da presidente aos Estados-membros da linha de frente, onde ela viu em primeira mão as ameaças diárias da Rússia e seus representantes”, disse o porta-voz da comissão à CNN.

CNN entrou em contato com as autoridades búlgaras para obter comentários e solicitou que a Rússia comentasse as alegações.

A interferência do GPS que causa interrupções em voos e tráfego marítimo está há muito tempo entre as ferramentas do arsenal de guerra híbrida da Rússia.

Autoridades dos países escandinavos e bálticos têm afirmado repetidamente que a Rússia vem bloqueando regularmente o sinal de GPS na região. Após uma equipe de pesquisadores na Polônia e na Alemanha estudarem minuciosamente as interferências de GPS por um período de seis meses a partir de junho de 2024, eles também concluíram que a Rússia era a responsável, e que Moscou estava usando uma frota paralela de navios e seu enclave de Kaliningrado para isso.

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A União Europeia já havia sancionado diversas entidades e indivíduos ligados a Estados russos por estarem por trás de incidentes de interferência.

“Isso reforçará ainda mais nosso compromisso inabalável de aumentar nossas capacidades de defesa e o apoio à Ucrânia”, acrescentou o porta-voz.

A viagem à Bulgária fez parte da visita de von der Leyen a vários Estados da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia, a Bielorrússia e o Mar Negro.

A viagem teve como objetivo mostrar força e união enquanto a Rússia continua atacando cidades ucranianas e sabotando qualquer tentativa de chegar a um acordo de cessar-fogo.

A presidente visitou a Letônia e a Finlândia na sexta-feira (29), a Estônia no sábado e a Polônia e a Bulgária no domingo. Ela completou a viagem na segunda-feira (1º), visitando a Lituânia e a Romênia.

Em discurso na capital búlgara logo após o incidente aéreo, mas antes que se tornasse público, von der Leyen disse que a Europa precisava “manter o senso de urgência”.

“(O presidente russo Vladimir) Putin não mudou e não mudará. Ele é um predador. Ele só pode ser controlado por meio de uma forte dissuasão”, disse ela.

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