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João de Deus pode superar caso Abdelmassih, diz promotoria

Os contatos foram feitos por residentes de 10 Estados do País, além de uma mulher que reside nos Estados Unidos e outra, no Canadá

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Por Lígia Formenti e Priscila Mengue

É recomendado que os frequentadores utilizem roupas brancas ao entrar na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Há dez anos, esse motivo foi utilizado pelo médium João de Deus para tirar a calça escura que uma menina de 13 anos utilizava no local. Em uma sala privada, ele despiu a calça da menina e se aproximou, passando a mão pelo corpo e levando a mão da garota ao seu órgão genital. O relato se une a outros 205 levados até agora ao Ministério Público de Goiás. Os contatos foram feitos por residentes de 10 Estados do País, além de uma mulher que reside nos Estados Unidos e outra, no Canadá.

Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público (MP) de Goiás, Luciano Miranda Meireles, avalia que as denúncias de abuso sexual envolvendo o líder espiritual João Teixeira de Faria tem potencial para alcançar uma dimensão maior do que o caso de Roger Abdelmassih, ex-médico de reprodução assistida que foi condenado a 181 anos de prisão por estupro de pacientes. "Pela movimentação que estamos assistindo, o número de mulheres que se apresentam como vítimas deverá ser maior. Há relatos de abusos ocorridos há 20 anos."

As mais de duas centenas de relatos foram feitas em apenas dois dias de funcionamento de um e-mail ([email protected]) do MP, criado especificamente para receber informações, após as primeiras denúncias levadas ao ar pelo programa Conversa com Bial, da TV Globo. "Orientamos que todas, independentemente da data em que ocorreu o fato, procurem o Ministério Público de seus Estados para formalizar a denúncia", disse Meireles.

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A coleta de informações até o momento sugere três crimes: estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. "Nos relatos que recebemos, todas as mulheres se mostram muito abaladas, independentemente da data do ocorrido. Nenhuma fala em dinheiro ou qualquer outro benefício. A maior parte diz querer apenas justiça", disse o promotor.

É o que diz a jovem de 24 anos, que sofreu o assédio na adolescência e falou sob anonimato ao Estado. "Depois (da ação), ele falou: 'Tudo bem, agora você está limpa'. Fiquei chocada, sem reação. Eu não tinha nem dado um beijinho ainda, era muito nova. Fiquei mal comigo mesma."

A garota foi levada ao espaço pela avó para tratar um quadro de depressão, que se agravou após o abuso. Ela chegou a tentar o suicídio e intensificou o tratamento psiquiátrico e psicológico, que mantém até hoje.

Na época, não contou nada para a avó. Ela sempre teve vontade de denunciar, mas tinha medo. Só no domingo, ela procurou uma delegacia e, depois, com o apoio de uma ONG, fez a denúncia no MP do Paraná.

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O "Estado" levantou alguns dos registros pelo País. Em Minas, houve cinco denúncias; no Rio Grande do Sul, quatro oficialmente, além de outras nove feitas informalmente. Já no Paraná foram três. Em São Paulo, cinco mulheres prestaram depoimento nesta terça-feira, mas há mais oitivas marcadas.

Segundo a promotora Silvia Chakian de Toledo Santos, todas as vítimas falam em abusos sexuais. Segundo ela, os relatos até agora datam de 2017 e o modus operandi é "muito parecido", sempre envolvendo a sala de atendimento privado.

Abuso constante

Uma das vítimas, de Goiânia, que também não quis se identificar, tinha 19 anos e era modelo na época em que se consultou com o médium. Seus avós faziam parte da linha de frente dos trabalhos espirituais. O médium a deixava por último na fila de espera para atendimento.

"A hora que eu entrava, tirava minha blusa e muitas vezes meu sutiã e pegava nos meus seios. Eu chorava, mas ele nunca teve piedade. Implorei para ele parar várias vezes. Um dia eu falei que não ia mais e ele disse que sabia onde meus avós moravam, e mataria cada um deles. Esse medo que me fez voltar", relata. Ele diz que os abusos são conhecidos em Abadiânia. "As pessoas que trabalham há muitos anos lá sabem que ele faz isso." 

Fonte: Terra

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Em meio a tarifaço, Brasil-EUA bate recorde no 1º trimestre

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Em meio a tarifaço, Brasil-EUA bate recorde no 1º trimestre

O valor exportado pelo Brasil para os Estados Unidos entre janeiro e março foi de US$ 7,8 bilhões entre janeiro, o maior valor já registrado para o período. Já as importações somaram US$ 10,3 bilhões, o que resulta em superávit de US$ 654 milhões para o país norte-americano.

Os Estados Unidos reverteu assim um déficit de US$ 800 milhões no primeiro trimestre de 2024. O resultado do ano passado, no entanto, foi excepcional. Segundo a Amcham, o país teve superávit em relação ao Brasil em todos os primeiros trimestres desde pelo menos 2016.

Entre 2014 e 2023, os Estados Unidos acumularam superávit de US$ 263,1 bilhões no comércio de bens e serviços com o Brasil, de acordo com a Amcham. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2024, o país teve déficit comercial de US$ 253 milhões com os EUA.

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Tarifaço

Os dados capturam apenas um pequeno fragmento da guerra comercial iniciada com uma série de tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em 12 de março, as primeiras taxas a atingir o Brasil passaram a vigorar: um imposto de 25% sobre o aço e o alumínio.

Apesar da taxação, as exportações de semiacabados de ferro ou aço do Brasil para os EUA cresceram 14,5% no período. Seis dos dez principais produtos exportados ao mercado americano registraram crescimento.

Segundo Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, os dados revelam o caráter mutuamente benéfico da relação comercial entre os países. “É fundamental preservar as condições para que o comércio entre Brasil e Estados Unidos continue gerando inovação, empregos e desenvolvimento para ambos os países”, diz.

Especialistas apontam que a escalada da guerra comercial pode prejudicar não apenas a economia global, mas a relação diplomática dos países, colocando em risco a própria ordem internacional vigente.

“A decisão de Trump de impor tarifas recíprocas pode parecer uma forma de retomar o controle da economia americana, mas ela carrega o risco de uma escalada comercial com parceiros-chave, como o Brasil, China e União Europeia. Se não for manejada com cuidado, essa medida pode resultar em uma recessão global”, diz o CEO da Holding Grupo X, , Jorge Kotz.

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Veja os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA no 1º tri:

Produto Valor exportado (em US$ mi)
Óleos brutos de petróleo 1.082,80
Produtos semi-acabados de ferro ou aço 1.026,70
Café não torrado 568,9
Óleos combustíveis 485,9
Sucos de frutas ou de vegetais 460,6
Aeronaves e suas partes 388,8
Ferro-gusa, spiegel, similares 378,4
Celulose 369,1
Carne bovina 366,1
Instalações e equip. de engenharia civil 209,4

“ISTOÉ”

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