Ex-PM foi condenado a mais de 20 anos de prisão por matar ex-namorada em 2010 na Grande SP. Ele cumpre pena no regime semiaberto em Tremembé. No ano passado, ele foi expulso da Polícia Militar.

Condenado por matar Mércia Nakashima, Mizael Bispo é excluído da OAB 13 anos após o crime

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JUSTIÇA

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo decidiu excluir Mizael Bispo de Souza do seu quadro de associados. Com a decisão, ele perde definitivamente os direitos de trabalhar como advogado.

Mizael foi condenado a cumprir mais de 20 anos de prisão por assassinar a ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, em 2010.

A exclusão consta em Diário Eletrônico da Ordem e foi publicada na terça-feira (3). Segundo o texto, Mizael descumpriu artigos do Estatuto da Advocacia e teve a exclusão determinada pela 1ª Turma da Câmara do Conselho Federal da OAB. Ele estava inscrito na comarca de Guarulhos, na Grande SP.

“Fica referido advogado intimado a apresentar, a esta Secretaria, a sua Carteira de Identidade Profissional, no prazo de 24 horas”, diz o texto da ordem.

O processo se arrastava desde 2019, quando havia sido determinada sua exclusão do quadro de associados, mas ainda cabiam recursos para Mizael. Apesar das tentativas, ele não obteve êxito em evitar sua expulsão.

Fora da PM

Em abril de 2022, Mizael foi expulso do quadro da PM. À época, o Tribunal de Justiça Militar (TJM) de São Paulo atendeu representação do Ministério Público (MP) e julgou o pedido para que Mizael perdesse a patente de cabo e devolvesse a identidade funcional da PM.

Com a decisão, o ex-PM teve de devolver medalhas que recebeu ao longo da carreira como policial e perdeu qualquer autorização que tinha para usar armas. A Justiça já havia impedido Mizael de ter acesso a armas em decisão anterior.

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Apesar da decisão, Mizael continua recebendo aposentadoria como cabo da PM porque, no entendimento da Justiça, ele cometeu o crime quando já havia sido reformado em razão de um acidente que o impossibilitou de continuar trabalhando — perdeu o dedo de uma das mãos e foi aposentado por invalidez.

Prisão

Mizael cumpre pena de 21 anos e 3 meses de prisão, em regime semiaberto, na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior do estado.

Nessa prisão também estão detidos presos de casos famosos, como Alexandre Nardoni (do caso Isabella), Cristian Cravinhos (do caso Richthofen) e Lindemberg Alves (do caso Eloá). Nela, Mizael tem direito a saídas temporárias.

O vigia Evandro Bezerra Silva, condenado a 17 anos de prisão acusado de ser o cúmplice de Mizael no crime contra Mércia, cumpre a pena em regime aberto.

A Justiça lhe concedeu o benefício em janeiro de 2022, desde que apresente mensalmente no Fórum de Rezende, no Rio de Janeiro, onde está morando, para dar informações ao poder judiciário sobre sua situação.

Parente observa corpo de Mércia Nakashima — Foto: Arquivo/Reprodução/Paulo Toledo Piza/G1Parente observa corpo de Mércia Nakashima — Foto: Arquivo/Reprodução/Paulo Toledo Piza/G1

“É bem-vinda [a decisão de expulsar Mizael da PM], mas o principal seria realmente perder a aposentadoria. Eu tentei desde o início do processo, mas nunca consegui por causa desse entendimento de direito adquirido. Não tem muito o que se comemorar. Isso aí é o mínimo”, disse o promotor Rodrigo Merli Antunes, que atuou no caso Mércia Nakashima à época.

“A Justiça fez a parte dela, a Justiça criminal, faz tempo. O comando da PM e a Justiça militar, agora, com um certo atraso, fez o que tinha que fazer e o que dava para fazer. Agora o mais inexplicável é a OAB não ter feito nada até hoje, inclusive levando em consideração que a vítima também era uma advogada. Deveriam isso até para a colega que foi assassinada e nem isso fizeram até agora”, comentou o promotor.

 

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Crime

Carro de Mércia Nakashima é encontrado em represa — Foto: Arquivo/Paulo Toledo Piza/G1Carro de Mércia Nakashima é encontrado em represa — Foto: Arquivo/Paulo Toledo Piza/G1

Mércia estava desaparecida desde 23 de maio de 2010, quando foi vista pela última vez em Guarulhos, na Grande São Paulo. Seu carro e seu corpo foram encontrados submersos pela Polícia Civil, respectivamente, em 10 e 11 de junho numa represa em Nazaré Paulista, na região metropolitana.

Segundo a perícia, a advogada tinha sido baleada e morreu afogada. A vítima tinha 28 anos. A investigação e o Ministério Público acusaram Mizael de matar Mércia por ciúmes e vingança por ela não ter reatado o namoro com ele. De acordo com a acusação, Evandro o ajudou a fugir do local.

Mizael e Evandro foram condenados pelos crimes de homicídio doloso qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa de Mércia. Em outras ocasiões, os dois sempre negaram os crimes e se disseram inocentes.

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JUSTIÇA

8 de Janeiro: dos mais de 1,4 mil presos, 141 continuam na cadeia e 44 estão em prisão domiciliar

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Por Reynaldo Turollo Jr,

Estátua 'A Justiça', de Alfredo Ceschiatti, pichada por vândalos do 8 de janeiro, em frente à sede do STF, em Brasília — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

               Estátua ‘A Justiça’, de Alfredo Ceschiatti, pichada por vândalos do 8 de janeiro, em frente à sede do STF, em Brasília — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Dos mais de 1,4 mil presos do 8 de Janeiro e de outros processos relacionados aos ataques à democracia, 141 permanecem na cadeia e 44 estão em prisão domiciliar — parte desses com tornozeleira eletrônica, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Dos 141 que estão na cadeia, 112 já foram condenados por crimes como golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Os outros 29 estão em prisão preventiva aguardando o julgamento — incluindo o general Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro.

Os dados são de um levantamento feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (12) a pedido do g1.

Em 8 de janeiro de 2023 e no dia seguinte em frente ao quartel-general do Exército, 1.406 pessoas foram presas em flagrante.

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Após a realização das audiências de custódia ainda naquele mês, o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos no STF, manteve 942 pessoas presas preventivamente.

A maioria já deixou a cadeia porque cometeu crimes menos graves e, por isso, respondeu em liberdade e já cumpriu a pena. Houve também pessoas que fizeram acordo para se livrar do processo e de uma eventual condenação.

Crimes menos graves

Segundo os dados atualizados, 552 investigados pelo 8 de janeiro assinaram Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com a Procuradoria-Geral da República, homologado pelo STF.

Pela lei, o ANPP é possível quando a pessoa é acusada de cometer crimes menos graves, com pena mínima inferior a quatro anos. Esse era o caso da maioria dos presos no acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília, acusados de praticar incitação ao crime e associação criminosa.

Ao fecharem acordo, essas pessoas assumiram os delitos e se comprometeram a cumprir uma série de condições impostas pelo Supremo, como não reincidir, prestar serviços à comunidade e pagar multa de R$ 5 mil.

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Dos acusados dos crimes menos graves que não assinaram acordo, 359 foram condenados, mas já não estão na prisão. O tribunal informou que 131 ações foram extintas por cumprimento integral da pena.

Crimes mais graves

Já entre os acusados dos crimes mais graves — tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público —, 279 foram condenados pelo Supremo.

As penas chegam a até 17 anos de prisão, dependendo do nível de envolvimento do réu nos atos violentos.

É nesse grupo que estão os 112 que continuam presos em regime fechado. O restante deixou a cadeia, por exemplo, progredindo de regime.

Somadas, as condenações por crimes menos graves (359) e por crimes mais graves (279) totalizam 638, de acordo com o Supremo. Houve também dez absolvições ao final dos processos.

A Corte informou que arrecadou quase R$ 3 milhões em prestação pecuniária, um valor pago por condenados como parte da punição e destinado à reparação dos danos causados pelos crimes

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