Vergonha internacional
Sem vacina, Bolsonaro almoça em área externa de churrascaria
POLÍTICA
O presidente Jair Bolsonaro escolheu uma churrascaria brasileira para almoçar em Nova York nesta segunda-feira, 20. Bolsonaro não está vacinado, o que o impede de entrar na área interna de restaurantes. Ele ficou, portanto, em mesas na área externa da churrascaria Fogo de Chão, em frente ao Museu de Arte Moderna (MoMA). As mesas não podiam ser vistas a partir da rua porque foram cercadas pelo restaurante por um pano preto colocado para proteger a comitiva do presidente da visão dos pedestres.
O almoço aconteceu logo após a reunião de Bolsonaro com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Parte dos membros da comitiva brasileira que participaram da reunião seguiram para o almoço com Bolsonaro, como o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e o chanceler Carlos França.
O mestre em jiu-jitsu Renzo Gracie foi ao restaurante para encontrar Bolsonaro e foi recebido com uma salva de palmas. Depois do almoço, Bolsonaro caminhou pela 5ª avenida de Nova York, onde estão as lojas de grife internacional, até o hotel onde está hospedado.
Nesta segunda-feira, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse para o presidente Jair Bolsonaro “não se incomodar” em viajar para a cidade, já que o brasileiro não está vacinado. Bolsonaro, por sua vez, está na cidade de Nova York desde domingo. Ele não precisa da autorização de De Blasio para viajar aos Estados Unidos, onde participa amanhã da abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
“Precisamos enviar uma mensagem a todos os líderes mundiais, incluindo, principalmente o Bolsonaro, do Brasil, que se você pretende vir aqui, você precisa ser vacinado. Se não quiser ser vacinado, não se incomode em vir, porque todos deveriam estar seguros juntos. Isso significa que todos precisam ser vacinados”, disse De Blasio em entrevista coletiva a jornalistas nesta segunda-feira, 20.
A cidade de Nova York instalou um ônibus na porta da ONU com agentes que fazem a aplicação de vacina contra covid-19 em diplomatas e jornalistas que participam do evento. “A grande maioria do pessoal das Nações Unidas, a grande maioria dos Estados-membros está fazendo a coisa certa”, disse De Blasio.
Não é a primeira vez que o prefeito democrata critica publicamente Bolsonaro. Ele já havia feito isso em 2019. Na ocasião, Bolsonaro alterou o destino de uma viagem que faria e deixou de ir a NY para visitar Dallas, no Texas.
‘Estadão Conteúdo’
POLÍTICA
PlatôBR: Motta e o governo dependem de boa relação em outros temas
Mesmo com as divergências em torno do projeto contra as facções, que deve ser votado nesta terça-feira no plenário, o Planalto e o presidente da Câmara têm interesses que os aproximam na política nacional e estadual
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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Apesar dos recentes abalos de confiança, o entendimento no Palácio do Planalto é que será preciso manter a boa relação com o presidente da Câmara, Hugo Motta(Republicanos-PB), até o ano que vem. A cautela tem razões pragmáticas: o governo depende da aprovação pelo Congresso de projetos que aumentam a arrecadação de 2026.
A divergência mais recente foi provocada pela decisão de Motta de escolher o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o PL Antifacção, proposto originalmente pelo Planalto. Ao entregar o texto a um parlamentar da oposição, Motta tirou das mãos do governo uma das principais propostas para o combate à criminalidade, tema sensível para as eleições de 2026.
Aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Derrite ocupava até duas semanas atrás o cargo secretário de Segurança Pública do estado e deixou o posto para assumir a relatoria do projeto. Provável candidato à Presidência da República no ano que vem, Tarcísio desponta como um dos nomes mais fortes para enfrentar Lula. O gesto de Motta tirou o protagonismo do petista nessa proposta.
Motta pretende colocar o PL Antifacção em votação nesta terça-feira, 18. O governo trabalha para adiar a decisão da Câmara sobre o projeto, mas para isso depende do presidente da Câmara. Um último esforço para tentar evitar que o texto seja levado ao plenário será feito nesta manhã pelos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), que terão reunião com Motta para tentar evitar uma derrota nessa votação. O Planalto trabalha contra a tentativa de Derrite de tirar verbas da Polícia Federal e, também, quer impedir aprovação da proposta que equipara facções criminosas a organizações terroristas.
Fora da discussão da segurança pública, pelo menos três matérias com impacto na arrecadação dependerão de Motta para que sejam apreciadas até o fim do ano. Uma delas é o projeto de lei 5.473/2025, sobre aumento de tributação de bets, bancos e fintechs. Essa proposta também tem previsão para ser votada nesta terça-feira, 18, na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, onde tramita em caráter terminativo. Se aprovada nessa fase, vai direto para a Câmara.
Outra proposta de interesse do Planalto em tramitação na Câmara é projeto de lei complementar nº 182/25, que prevê o corte linear de 10% de benefícios fiscais para setores da economia. Este projeto está sob análise da CFT (Comissão de Finanças e Tributação) e teve a votação adiada na semana passada por um pedido de vista.
A terceira proposta que impacta o orçamento e que deixa o governo dependente de Motta é o PLP 125/22, conhecido como projeto dos “devedores contumazes”. Além de fazer parte do pacote de enfrentamento ao crime organizado, essa proposta também contribui para a arrecadação do governo. De autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o texto já foi aprovado pelo Senado. Sobre essa proposta, Gleisi pediu a Motta que a tramitação não seja atrapalhada pelas discussões acirradas em torno do PL Antifacção.
Por outro lado
O presidente da Câmara também tem interesse em não romper com o governo, embora seja aliado da oposição em assuntos que contrariam o Planalto, caso do aumento das alíquotas do IOF, que foi derrubado pela Câmara. Na política estadual, Motta quer o apoio explícito de Lula para a candidatura ao Senado de seu pai, Nabor Wanderley, atual prefeito de Patos (PB).
Motta também trabalha para renovar o mandato de deputado e, se possível, se reeleger presidente da Câmara em 2027. Para concretizar esses planos, ele precisa se equilibrar entre o governo e a oposição para tentar repetir o amplo leque de alianças que o levou ao cargo no ano passado. Com esse objetivo, ele por vezes agrada à oposição e contraria o governo, ou vice-versa.
Outros fatores aproximam Motta do Planalto. Após a devassa feita na Esplanada contra os infiéis do União Brasil e do PP, o governo deu a Motta a oportunidade de fazer indicações para cargos no segundo e no terceiro escalão, incluindo ministérios, autarquias e estatais. A indicação de Derrite, segundo interlocutores do Planalto, acabou suspendendo esse movimento. Vem daí a surpresa do Planalto, pois o presidente da Câmara chegou a participar de reuniões com o governo para definir a recomposição dos cargos com as bancadas de deputados.
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