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Em busca de armas para a Ucrânia, o Pentágono vasculha fábricas do Leste Europeu

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POLÔNIA, PERTO DA FRONTEIRA UCRANIANA – Na saída de uma pista em um aeroporto polonês, empilhadeiras retiraram a carga de um jato C-17 da Força Aérea e de um avião civil muito menor movido a hélice, transportando caixas cheias de munições de cada aeronave para um estacionamento próximo, que se encheu de muitas dezenas delas.

Algumas transportavam armas americanas, enquanto outras continham uma variedade de armas feitas na Europa Oriental – as maiores prioridades da Ucrânia na ajuda militar, que logo seriam carregadas em uma frota de caminhões que esperava nas proximidades para a viagem à Ucrânia.

O Pentágono fornece grande parte do armamento americano enviado para Kiev, na Ucrânia, dos próprios estoques, mas conta com empreiteiros americanos contratados pela defesa para vasculhar fábricas de munições do Leste Europeu em busca de armas recém-fabricadas projetadas pelo antigo adversário dos Estados Unidos, a União Soviética, para cumprir as promessas do presidente Joe Biden de aumentar a ajuda militar à Ucrânia.

A Ucrânia ainda usa muitas armas comuns ao exército russo, como os rifles Kalashnikov modernos. E, enquanto os apelos ucranianos por armas mais sofisticadas – como os mísseis antitanque e antiaéreo Javelin e Stinger – têm recebido atenção generalizada, os militares do país têm necessidade urgente de uma ampla gama de munições, incluindo dezenas de milhões de balas para armas da era soviética, que, mesmo sendo antiquadas, são as mais usadas pelos militares ucranianos.

O Pentágono chama essas armas, incluindo foguetes, projéteis de artilharia e munição para metralhadoras e rifles de assalto, de “munição fora do padrão” –, porque são incompatíveis com aquelas usadas pelos Estados Unidos e por muitas nações aliadas, que em geral são conhecidas como a munição padrão da Otan.

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E, desde os ataques de 11 de setembro, o Pentágono tem comprado grandes quantidades dessas armas por intermédio de uma variedade de empresas de defesa americanas para abastecer exércitos clientes no Afeganistão, no Iraque, na Síria e em outros países que ainda dependem de armas projetadas pelos soviéticos.

Uma dessas empresas é a Ultra Defense Corp., em Tampa, na Flórida, que tem cerca de 60 funcionários e construiu um negócio movimentado que trabalha com fábricas na Romênia, na Bósnia, na Sérvia, na Eslováquia, na República Tcheca e na Bulgária. Esses países fornecem cerca de 90 por cento da munição não padrão comprada pelo Pentágono, de acordo com Matthew Herring, dono da empresa, embora esta forneça apenas uma fração das encomendas totais do Pentágono.

Herring, que comprou a empresa em 2011, quando ela fornecia helicópteros russos às forças afegãs, esteve recentemente na Polônia se reunindo com autoridades ucranianas para descobrir o que mais pode ser feito para lhes fornecer munições do Bloco Oriental. “Há um mês, quando Kiev estava cercada, perguntavam: ‘De que precisamos nas próximas 48 horas?’ Mas agora os ucranianos estão antevendo uma longa luta e pensam: ‘Como conseguimos o suficiente para nos sustentarmos?’ Portanto, é uma visão de longo prazo sobre suas necessidades”, explicou Herring, acrescentando que os militares ucranianos precisarão fazer a transição para as armas padrão da Otan no futuro, para que possam aproveitar ainda mais os vastos estoques de munição do Ocidente armazenados em búnqueres por toda a Europa e nos Estados Unidos.

Esse movimento já está em curso, em parte, mediante o fornecimento do Pentágono de howitzers de155 mm para armar o equivalente a cinco batalhões e atender às necessidades prementes da Ucrânia para o que chama de armas de longo alcance, que são semelhantes em capacidade às 152 mm projetadas pelos soviéticos que os ucranianos têm usado contra a Rússia.

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Assim, enquanto empresas como a Ultra Defense Corp. ainda comprarão o máximo de projéteis de artilharia de 152 mm que puderem para a defesa da Ucrânia, o Pentágono está transportando 184 mil projéteis de seu estoque na Europa para os howitzers 155 mm que retirou dos estoques do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais nos Estados Unidos e enviou para Kiev.

Em uma coletiva, John Kirby, secretário de imprensa do Pentágono, declarou que a munição fora do padrão continua sendo uma parte central do fornecimento de armas que os Estados Unidos estão fornecendo à Ucrânia. “É muito importante para as forças armadas ucranianas”, afirmou a respeito dos suprimentos de munição que estão sendo entregues a Kiev. “Não falamos muito de munição de armas pequenas. Não chama muito a atenção, entendo, mas em todas as conversas que temos com os ucranianos eles ressaltam como isso é importante.”

Desde a invasão, segundo ele, os Estados Unidos coordenaram e entregaram mais de 50 milhões de cartuchos de munição de armas pequenas para a Ucrânia, grande parte projetada pelos soviéticos. Kirby garantiu que os Estados Unidos continuam a “conversar com aliados e parceiros sobre seus estoques de munição fora do padrão” em um esforço para enviar mais para a Ucrânia. “Há um impacto realmente significativo no campo de batalha. Eles usam essa munição literalmente todo dia na defesa de seu país”, disse ele sobre as armas do período soviético.

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Chefe da União Europeia tem GPS de avião bloqueado e Rússia é suspeita

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Líder do bloco pousou em segurança ma Bulgária; pilotos tiveram que usar mapas de papel para achar lugar da aterrissagem

Ivana Kottasová, da CNN
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem GPS de avião bloqueado
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem GPS de avião bloqueado  • Reprodução/Reuters

Um avião que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi alvo de interferência no sistema de navegação GPS, enquanto tentava pousar na Bulgária no domingo (31), informou um porta-voz da comissão à CNN.

A comitiva recebeu “informações das autoridades búlgaras de que suspeitam que essa interferência flagrante tenha sido realizada pela Rússia”, disse o porta-voz.

O avião pousou em segurança, disse o porta-voz. Uma fonte familiarizada com a situação disse à CNN que os pilotos pousaram o avião usando mapas de papel.

Von der Leyen e a comissão têm sido firmes apoiadores da Ucrânia enquanto Kiev tenta se defender da agressão não provocada da Rússia. Ela foi uma das líderes europeias que participaram da cúpula do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a Ucrânia na semana passada e tem instado consistentemente os Estados-membros da UE a alocarem mais recursos para ajudar a Ucrânia.

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O incidente ocorreu enquanto ela visitava os Estados-membros na parte oriental do bloco para angariar apoio à Ucrânia. “Este incidente ressalta a urgência da atual viagem da presidente aos Estados-membros da linha de frente, onde ela viu em primeira mão as ameaças diárias da Rússia e seus representantes”, disse o porta-voz da comissão à CNN.

CNN entrou em contato com as autoridades búlgaras para obter comentários e solicitou que a Rússia comentasse as alegações.

A interferência do GPS que causa interrupções em voos e tráfego marítimo está há muito tempo entre as ferramentas do arsenal de guerra híbrida da Rússia.

Autoridades dos países escandinavos e bálticos têm afirmado repetidamente que a Rússia vem bloqueando regularmente o sinal de GPS na região. Após uma equipe de pesquisadores na Polônia e na Alemanha estudarem minuciosamente as interferências de GPS por um período de seis meses a partir de junho de 2024, eles também concluíram que a Rússia era a responsável, e que Moscou estava usando uma frota paralela de navios e seu enclave de Kaliningrado para isso.

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A União Europeia já havia sancionado diversas entidades e indivíduos ligados a Estados russos por estarem por trás de incidentes de interferência.

“Isso reforçará ainda mais nosso compromisso inabalável de aumentar nossas capacidades de defesa e o apoio à Ucrânia”, acrescentou o porta-voz.

A viagem à Bulgária fez parte da visita de von der Leyen a vários Estados da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia, a Bielorrússia e o Mar Negro.

A viagem teve como objetivo mostrar força e união enquanto a Rússia continua atacando cidades ucranianas e sabotando qualquer tentativa de chegar a um acordo de cessar-fogo.

A presidente visitou a Letônia e a Finlândia na sexta-feira (29), a Estônia no sábado e a Polônia e a Bulgária no domingo. Ela completou a viagem na segunda-feira (1º), visitando a Lituânia e a Romênia.

Em discurso na capital búlgara logo após o incidente aéreo, mas antes que se tornasse público, von der Leyen disse que a Europa precisava “manter o senso de urgência”.

“(O presidente russo Vladimir) Putin não mudou e não mudará. Ele é um predador. Ele só pode ser controlado por meio de uma forte dissuasão”, disse ela.

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