Agronegócios
Emissões de Cédulas de Produto Rural Crescem 68% na Safra Atual Até Fevereiro
Agronegócios
CPR e LCA mantêm-se como as principais fontes de recursos privados para o financiamento do agronegócio
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou o Boletim de Finanças Privadas do Agro, referente a fevereiro de 2025, que apresenta dados importantes sobre os principais títulos e Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) que financiam o setor agropecuário no Brasil.
Até o mês de fevereiro da safra 2024/2025, as emissões acumuladas de Cédulas de Produto Rural (CPR) atingiram R$ 268,84 bilhões, marcando um crescimento de 68% em relação ao mesmo período da safra anterior. Esse aumento destaca-se como um dos principais pontos da publicação.
Em conjunto com as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), as CPR e LCA continuam sendo as principais fontes de recursos privados para o financiamento do agronegócio, conforme os dados de estoques acumulados: R$ 540,14 bilhões de LCA e R$ 483,63 bilhões de CPR. Contudo, enquanto as CPR apresentaram um crescimento significativo, o aumento do estoque de LCA foi mais modesto, alcançando 13% em relação ao ano anterior.
A LCA desempenha um papel fundamental não apenas nas finanças privadas, mas também no Crédito Rural. Conforme as normas do Conselho Monetário Nacional, as instituições financeiras devem aplicar 50% dos recursos captados com LCA em operações de financiamento rural, sendo que metade dessa quantia deve ser destinada especificamente ao crédito rural, com o restante direcionado à aquisição de papéis do agronegócio. Com um estoque de R$ 540,14 bilhões em LCA, pelo menos R$ 270,07 bilhões das novas emissões estão sendo reinvestidos no setor agropecuário.
Os Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) também apresentam crescimento, embora de forma mais moderada. Em fevereiro, o estoque de CDCA aumentou 10%, somando R$ 35,13 bilhões, enquanto os estoques de CRA registraram um crescimento de 14%, totalizando R$ 134,31 bilhões.
O mercado dos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagro) também demonstra sinais positivos, com o Patrimônio Líquido desses fundos alcançando R$ 43,99 bilhões em janeiro, sendo operados por 137 fundos.
Desenvolvido pela Coordenação-Geral de Instrumentos de Mercado e Financiamento, do Departamento de Política de Financiamento ao Setor Agropecuário, da Secretaria de Política Agrícola, o Boletim de Finanças Privadas do Agronegócio é uma importante fonte de informações sobre o desempenho financeiro do setor agropecuário.
“Portal do Agronegócio”
Agronegócios
Alta nos fertilizantes pressiona produtores e encarece a safra 2025/26 no Brasil
Preços de ureia, MAP e cloreto de potássio disparam nos portos brasileiros

Os custos dos fertilizantes no Brasil têm registrado forte alta nos meses que antecedem a safra 2025/26, elevando a pressão sobre os produtores. Segundo o relatório semanal da StoneX, entre janeiro e meados de agosto, os preços da ureia subiram cerca de 33%, o MAP (fosfatado amplamente usado no país) avançou 19% e o cloreto de potássio registrou alta de 20% nos portos brasileiros.
Relação de troca entre insumos e grãos atinge patamar crítico
O aumento nos preços impacta diretamente a rentabilidade dos produtores. De acordo com Tomás Pernías, analista de Inteligência de Mercado, a relação de troca entre a soja e o MAP está nos piores níveis dos últimos anos, desestimulando o consumo do fertilizante e obrigando os agricultores a adotarem maior cautela na compra de insumos.
“A demanda indiana tem sustentado as cotações do nitrogenado, e a queda do preço do milho reduz a atratividade das relações de troca no Brasil”, explica Pernías.
Alternativas para reduzir custos
Diante do cenário, importadores brasileiros têm buscado alternativas para contornar a pressão de preços. Entre os nitrogenados, o sulfato de amônio é a opção mais procurada. Já entre os fosfatados, os fertilizantes TSP e SSP têm sido utilizados como substitutos do MAP.
Mesmo com essas alternativas, a aproximação da safra tende a reforçar a pressão sobre os preços no mercado interno, tornando essencial o gerenciamento de custos e riscos por parte dos produtores. Além disso, condições de crédito mais onerosas em 2025 aumentam o desafio financeiro para viabilizar a próxima safra.
Escalada global dos fertilizantes
O aumento de preços não é exclusivo do Brasil. “A Índia, em plena safra Kharif, e os Estados Unidos — mesmo fora de sua alta temporada de compras — também enfrentam preços elevados no complexo NPK”, afirma Pernías.
O movimento de alta está ligado ao aperto entre oferta e demanda global. A China, tradicional fornecedora mundial, restringe exportações para garantir abastecimento interno, enquanto a forte demanda da Índia sustenta os preços internacionais.
Incertezas geopolíticas impactam abastecimento
O cenário internacional também traz desafios para o mercado brasileiro. Tarifas anunciadas pelos Estados Unidos sobre produtos indianos, em reação a fluxos comerciais favoráveis à Rússia, geram alertas entre compradores no Brasil.
“Em 2024, a Rússia foi a principal fornecedora de fertilizantes ao Brasil. Qualquer mudança nas dinâmicas comerciais globais pode afetar diretamente o abastecimento nacional”, conclui Pernías.
Fonte: Portal do Agronegócio


