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Lula diz à imprensa chinesa que Brasil não vai mais vender empresas estatais

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O Brasil não vai vender mais empresas estatais, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à rede de televisão estatal chinesa CCTV. O petista esteve em Pequim nesta sexta-feira, (14), e se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, para a assinatura de acordos bilaterais.

“Não queremos ser vendedor nem só de commodities ou vendedor de empresa estatal”, afirmou Lula, segundo transcrição da conversa liberada pelo governo brasileiro. “O que o Brasil quer propor à China é que nós precisamos construir uma centena de coisas novas. Que passa por rodovia, por ferrovia, por portos, aeroportos, que passa por novas indústrias, que passa por empresas de químicas, que passa por investimentos novos.” É o que Lula vem chamando de “reindustrialização” do Brasil.

O presidente da China, Xi Jinping, recebeu Lula no Grande Palácio do Povo, em Pequim. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da China, Xi Jinping, recebeu Lula no Grande Palácio do Povo, em Pequim. Foto: Ricardo Stuckert/PR© Fornecido por Estadão

Lula defendeu na conversa com a imprensa chinesa, como já havia dito em outras ocasiões durante a viagem ao país asiático, que é preciso avançar na relação do Brasil com a China, não apenas na questão econômica e na questão comercial, mas em temas como ciência e tecnologia, convênios entre as universidades e na transição energética. “Nós precisamos estabelecer uma política em que a China se transforme em parceiro de investimentos no Brasil.”

Na conversa, o petista também voltou a defender transações comerciais entre países sem passar pelo dólar, a busca de uma solução para a guerra da Ucrânia e a criação de uma nova forma de governança mundial, em que países como China, Brasil e México tenham mais voz.

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Sobre reformas em organismos multilaterais, que Lula já havia defendido na viagem durante discurso na posse de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento, o petista afirmou que é preciso dar mais representatividade ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Eu acho que tem que ter países da América do Sul, América Latina, países da África. Não é possível que o continente africano, com cinquenta e quatro países, não possa ter representante.”

“Se você não tiver um Conselho de Segurança da ONU com autoridade de decidir e os países signatários cumprirem, a gente não vai resolver o problema climático no mundo”, afirmou Lula à TV chinesa.

“A única coisa que eu quero é o seguinte: é preciso criar uma nova forma de governança mundial”, disse Lula. “A China tem que ser levada em conta. O Brasil tem que ser levado em conta. Um país como a Nigéria, como o Egito, como México, tem que ser levado em conta. A Índia tem que ser levada em conta.” Na medida em que esses países vão crescendo e se desenvolvendo, “obviamente começam a assustar aqueles que se sentiam o dono do mundo”, comentou o presidente.

Sobre a guerra na Ucrânia, o presidente brasileiro disse estar “obcecado” em conversar com as pessoas pelo mundo para encontrar um jeito de alcançar a paz. Ele defendeu que países parem de fornecer armas para o conflito e que busquem uma solução de paz.

Jornais

A visita do presidente à China ganhou destaque na imprensa chinesa, tanto na televisão quanto nos jornais impressos. Declarações de Lula sobre o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, em inglês), que segundo ele pode libertar os países emergentes das “amarras” do financiamento tradicional com organismos multilaterais, viraram a manchete do jornal China Daily, o maior diário em inglês no país asiático.

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Neste sábado, o China Daily traz em sua capa declarações do presidente Xi Jinping de que as relações de Pequim com o Brasil “são uma prioridade diplomática” e que os dois países vão contribuir para a paz regional e mundial, além de procurarem fortalecer a parceria estratégica, que é de longo prazo.

Segundo o jornal chinês, Xi Jinping ressaltou ainda nas conversas com Lula que, além de Brasil e China serem os maiores países emergentes de seus hemisférios, partilham de vários interesses comuns.

A visita de Lula, recepcionado ontem por Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, em Pequim, foi mostrada várias vezes na CCTV, a rede estatal chinesa, com imagens da cerimônia de boas-vindas e das reuniões entre os dois presidentes.

Em 2024, China e Brasil comemoram 50 anos de relações diplomáticas, estabelecidas em 1974. Em suas conversas com Lula, Xi Jinping falou da necessidade de reforçar a cooperação em áreas como agricultura, energia, infraestrutura, aeroespacial, além de novos ramos, como economia verde, economia digital e energia limpa, segundo a imprensa chinesa.

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Chefe da União Europeia tem GPS de avião bloqueado e Rússia é suspeita

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Líder do bloco pousou em segurança ma Bulgária; pilotos tiveram que usar mapas de papel para achar lugar da aterrissagem

Ivana Kottasová, da CNN
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem GPS de avião bloqueado
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem GPS de avião bloqueado  • Reprodução/Reuters

Um avião que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi alvo de interferência no sistema de navegação GPS, enquanto tentava pousar na Bulgária no domingo (31), informou um porta-voz da comissão à CNN.

A comitiva recebeu “informações das autoridades búlgaras de que suspeitam que essa interferência flagrante tenha sido realizada pela Rússia”, disse o porta-voz.

O avião pousou em segurança, disse o porta-voz. Uma fonte familiarizada com a situação disse à CNN que os pilotos pousaram o avião usando mapas de papel.

Von der Leyen e a comissão têm sido firmes apoiadores da Ucrânia enquanto Kiev tenta se defender da agressão não provocada da Rússia. Ela foi uma das líderes europeias que participaram da cúpula do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a Ucrânia na semana passada e tem instado consistentemente os Estados-membros da UE a alocarem mais recursos para ajudar a Ucrânia.

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O incidente ocorreu enquanto ela visitava os Estados-membros na parte oriental do bloco para angariar apoio à Ucrânia. “Este incidente ressalta a urgência da atual viagem da presidente aos Estados-membros da linha de frente, onde ela viu em primeira mão as ameaças diárias da Rússia e seus representantes”, disse o porta-voz da comissão à CNN.

CNN entrou em contato com as autoridades búlgaras para obter comentários e solicitou que a Rússia comentasse as alegações.

A interferência do GPS que causa interrupções em voos e tráfego marítimo está há muito tempo entre as ferramentas do arsenal de guerra híbrida da Rússia.

Autoridades dos países escandinavos e bálticos têm afirmado repetidamente que a Rússia vem bloqueando regularmente o sinal de GPS na região. Após uma equipe de pesquisadores na Polônia e na Alemanha estudarem minuciosamente as interferências de GPS por um período de seis meses a partir de junho de 2024, eles também concluíram que a Rússia era a responsável, e que Moscou estava usando uma frota paralela de navios e seu enclave de Kaliningrado para isso.

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A União Europeia já havia sancionado diversas entidades e indivíduos ligados a Estados russos por estarem por trás de incidentes de interferência.

“Isso reforçará ainda mais nosso compromisso inabalável de aumentar nossas capacidades de defesa e o apoio à Ucrânia”, acrescentou o porta-voz.

A viagem à Bulgária fez parte da visita de von der Leyen a vários Estados da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia, a Bielorrússia e o Mar Negro.

A viagem teve como objetivo mostrar força e união enquanto a Rússia continua atacando cidades ucranianas e sabotando qualquer tentativa de chegar a um acordo de cessar-fogo.

A presidente visitou a Letônia e a Finlândia na sexta-feira (29), a Estônia no sábado e a Polônia e a Bulgária no domingo. Ela completou a viagem na segunda-feira (1º), visitando a Lituânia e a Romênia.

Em discurso na capital búlgara logo após o incidente aéreo, mas antes que se tornasse público, von der Leyen disse que a Europa precisava “manter o senso de urgência”.

“(O presidente russo Vladimir) Putin não mudou e não mudará. Ele é um predador. Ele só pode ser controlado por meio de uma forte dissuasão”, disse ela.

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